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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Relato de experiência

Falar em inclusão social é fácil, praticar é um desafio que muitos não conseguem fazer. Nesta semana ouvi de uma professora interprete do CAS – Centro de Atenção a Surdez, que “o ser humano associa a diferença as falhas dos outros, mas ver as falhas não basta, temos de respeitar está junto para ajudar-los a conviver com elas”. A professora Maria Lucia disse essas palavras relacionando a situação das pessoas com deficiência física, mas se levarmos esse conceito a pessoas com deficiências sociais dará no mesmo.

Esse introdução é para começar o relato de experiência do projeto que participei no CEM – Centro Educacional Masculino. A oficina “Fotografia: minha visão, meu futuro” foi uma experiência que jamais vou esquecer, ela mudou muita coisa em mim. Hoje vejo a vida com mais cuidado e paixão.

O curso que os alunos do 5° período de jornalismo realizaram no CEM tinha um objetivo, ou melhor, dois. O primeiro realizar uma atividade de encerramento da disciplina de fotojornalismo. O segundo era capacitar cinco adolescentes, jovens infratores. Unindo esse dois objetivos planejamos a oficina “Fotografia: minha visão, meu futuro”. Um trabalho, que foi mais que isso, uma missão que de inicio parecia difícil, mas conseguimos realizar com muito sucesso.

No primeiro encontro, dia 19 de novembro, tive meu primeiro impacto. Quando chegamos ao local na entrada deparamos com dois adolescentes algemados, percebi então que não ia ser nada fácil. Logo eu que não estou acostumado a ver pessoas com algemas, nunca até então tinha presenciado isso de perto a não ser pela TV. Confesso que foi doloroso vê aqueles adolescentes naquela situação. Doeu no fundo de meus sentimentos.

Perguntei para mim mesmo o que importa o que eles fizeram? Afinal é um ser humano como eu, e como tal precisa de amor e confiança não importa o seu passado nem o seu presente. Eh! Foi meu primeiro impacto, respirei fundo, segurei as lágrimas. Afinal a missão estava apenas começando! E por falar em missão, minha tarefa era produzir um documentário de todos os momentos vividos por nós juntos com os garotos.

Em silencio fui presenciando todos os momentos desde a saída da faculdade até o primeiro contatos com o ambiente, os educadores, os seguranças, o jeito como os adolescentes se comportavam, a forma como os cuidadores os tratavam. Registrei tudo em mídia, e em minha memória. No dia 23, o segundo momento, jamais esquecerei, nós os levamos para dá uma volta na cidade para fazer algumas fotos, nas quais ficaram maravilhosas. Confesso que em dois semestres de curso nunca consegui fazer fotos com tanta sensibilidade como a de alguns deles.

As cenas desses dias foram simplesmente maravilhosas, porque pude notar com sinceridade a alegria deles em ter nossa presença, em poder ver a cidade novamente, em poder ver outras pessoas, movimento, cheiro de cidade, e... O que pude captar de cada canto em que andei no CEM, e vivi nesses dois dias com esses meninos foram uma lição de vida. Cumprir minha tarefa foi mais que fazer um o documentário.

Hoje tenho certeza que minha tarefa ali não era apenas fazer a atividade de fotojornalismo, mas reciclar-me de meus preconceitos. O que entendo dessa experiência é que olhar as falhas dos outros sem diferença é difícil porque a maiorias de nós não tem a iniciativa de ajudar o próximo. Essa experiência mostrou para mim que o jornalismo pode ser muito mais do que o Impresso, a TV, o Rádio, a Web... Jornalismo pode ser também, responsabilidade social. Eu quero fazer diferente....